Eu sempre fui um grande fã de quadrinhos.Comecei a me interessar por quadrinhos com (a boa e eterna) a Turma da Mônica, e fui evoluindo conforme a idade para quadrinhos mais característicos dela, como o Homem-Aranha (a Marvel Século 21 acabava de ser lançada), por exemplo.Contudo, como eu tive que escolher entre saídas ao cinema ou as revistinhas (como minha mãe até hoje chama -.-), acabei ficando com a primeira opção.
Entretanto, como se fosse inevitável, conheci uma amiga (OI GILCE =D) que me apresentou ao universo dos Mangás através de Love Hina; e com esse fato a chama foi reacendendo.
O que causou a combustão foi o lançamento do arco Guerra Civil da Marvel.O modo como os personagens foram mostrados foi simplesmente sensacional!Apresentar de um lado o Capitão América defendendo a liberdade, representando o passado dos Estados Unidos (só na cabeça dos americanos claro!), e do outro lado o Homem de Ferro lutando para que os heróis retirassem a sua máscara, demonstrando o medo e a fragilidade que o povo estadunidense sente após o atentado de 11/09/2001; fez-me ver que os quadrinhos não eram apenas estórias fantasiosas, com pessoas mascaradas, que, de tempos em tempos, sofriam com a perda ou possível ameaça de perder um amor.Muito pelo contrário, as Graphic Novels são, costumeiramente, o retrato caricato e esperançoso da humanidade.Elas conseguem representar problemas comuns, corriqueiros, e, principalmente, conflitos internos característicos de todo e qualquer ser humano do planeta.Como exemplo temos "Maus: A História de um Sobrevivente"(Art Spielgeman), que representando ratos como judeus e gatos como alemães, narra a história do pai do autor na tentativa de sobriviver ao Holocausto.
Como exemplo, temos a excelente obra de Jeph Loeb e Tim Sale: Batman: O Longo dia das Bruxas.Nessa história, que segue diretamente os eventos do arco Batman: Ano Um (escrito por Frank Miller), temos o início da amizade do roedor voador com o Capitão Jim Gordon e o promotor Harvey Dent.Os três prometem "limpar a sujeira" da cidade de Gotham, com o Batman como o responsável por coletar provas, Harvey por reuní-las e concatená-las e Gordon de prendê-los e mantê-los na cadeia.Porém, assassinatos começam a acontecer nos feriados, e as vítimas são sempre pessoas ligadas à máfia, e isso faz com que o Batman comece a questionar a sua humanidade, uma vez que, quem quer que esteja fazendo o serviço, queira ou não, está fazendo um bem a cidade, em que pese ele não aceite, pois esse não foi o meio que eles escolheram para efetivar a justiça, logo, uma caçada começa atrás do assassino, que durante a estória é mostrado os efeitos dela na vida pessoal de cada personagem.
No início da história, já é possível notar que Bruce perde cada vez mais a sua identidade e passa a assumir o seu verdadeiro "eu" (como ele fala), o Batman.Com isso, notamos cada vez menos a presença de Bruce, que só é retomada em casos de necessidade de investigação do Batman.Com Gordon, vemos a desestruturação do lar.Absorto no caso, ele acaba esquecendo que possui uma mulher e filho, e torna-se cada vez mais distante da família.Contudo, um fato curioso de se notar é que o Capitão é o personagem mais "lúcido".Apesar de ter dúvidas, ele nunca questiona se o que fez foi certo, pois sempre o faz por mais que não goste.Já Harvey, ao longo da leitura, o leitor sentirá uma dor no coração, ao ver que o "Cavaleiro Branco da Justiça", acaba caindo no joguinho do submundo, e gradativamente passa a construir o monstro que conhecemos como "Duas Caras".Outr fato interessante é que, enquanto que o Coringa é o oposto louco do Batman, Harvey é o oposto positivo dele, pois consegue inflar no "Cavaleiro das Trevas" a esperança de que um dia Gotham não precise dele, e de nenhum outro tipo de vigilante.Entretanto, pouco tempo após o início das investigações, Dent fica obcecado com o caso, chegando ao ponto de ser agressivo com a sua esposa (eles são recém-casados), e com isso, o sonho do Batman de que a cidade um dia não precisaria dele, vai se desmoronando.
A presença de personagens tão intensos, o modo como a história se desenvolve, e os traços noir de Tim Sale, prende o leitor por completo!Ler o Longo dia Das Bruxas é como assistir o filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas", após 2h30 de filme nós ainda queremos mais!
Por fim, é impossível falar que quadrinhos é só coisa de criança hoje em dia.O mercado começa a notar que as "crianças" da época em que os quadrinhos começaram a fazer sucesso, hojem são adultas e continuam a lê-los, além do fato de que as crianças de hoje em dia amadurecem muito mais cedo, tornando necessário que as estórias acompanhem o rápido crescimento.
E outro fator, é a arte que é o quadrinho!Os traços de cada desenhista e como eles pintam ou não, revelam a importância de exaltar os quadrinhos como a Nona Arte.
Dica: Batman: O Longo dia das Bruxas - Edição definitiva, Jeph Loeb e Tim Sale R$63,18
;]